segunda-feira, 28 de abril de 2008

Crééééééu! - Por: Chico

Meu amigo Chico (vulgo Francisco... Ou seria o contrário?), leu meu blog, e deu uma sugestão, esta sugestão é um texto que ele escreveu, sobre o maior fenômeno do ano. O créu.

O texto é ótimo. Só digo isso sobre ele XD
Sem mais delongas...

Crééééééu!
Por: Chico, o Camargo

Crééééééu!
Beethoven iria se revirar no túmulo. Sorte que ele era surdo.

Novamente, a produção musical brasileira deu sinais de que pode sempre se superar: há cinco anos, embora poucos façam questão de lembrar, o brasileiro - em especial aquele pertencente a uma classe mais alta - criticava ferrenhamente uma canção que fazia muito sucesso entre as massas. Dizia-se que era infame, que era degradação cultural e que aquilo não poderia nem ser rotulado como música.

Por sinal, rótulo foi um grande problema para Sérgio Braga Manhãs, o MC Serginho. Ele havia composto alguns versos, ainda que alguns duvidem mesmo dessa classificação de seus escritos, para sua filha, uma pobre, inocente e doce garotinha que brincava no colo de seu pai. Todavia, o hit Égua Pocotó chegou às rádios, onde evidentemente o significado original se perdeu, como já era esperado que acontecesse. Tudo bem, a intenção do mestre de cerimônias pode ter sido a mais louvável, o que às vezes acontece. Ainda assim, há de se convir que das duas uma: ou tudo era proposital e a malícia somente não estava presente na filha à qual a Egüinha foi dedicada, ou o cantor foi de fato infeliz na escolha das palavras, do ritmo, da estrutura da obra e mesmo do dançarino. Afinal, um homem que, sabe-se lá por quê, ganhou o apelido de Lacraia, não costuma ser a melhor escolha para músicas com conteúdos infantis. Supostamente infantis, pelo que tudo indica.

Enfim, foi mais ou menos dessa maneira que o funk carioca renasceu; entre idas a programas como Domingo Legal e mais de dez apresentações por final de semana, MC Serginho - juntamente com a(o) Lacraia - trouxe as letras curtas e repetitivas de volta à mídia, assim como as batidas que demoram a deixar a memória. Hoje, decorrido tanto tempo, o ouvido nacional já suportou muito: tivemos tigrões, cachorras e piriguetes, mas nada supera o ano de 2008. CRÉÉÉÉÉU.

É difícil definir um fenômeno como esse, mas é possível uma tentativa de descrevê-lo: Não há mais versos. Não há mais métrica, apesar de antes já ser raro encontrá-la. Não há mais melodia. O que restou? O ritmo, acompanhado por movimentos corporais. Não vou entrar em detalhes para debater se a "Dança do Créu" seria mesmo a dança do acasalamento, ou apenas uma leva insinuação de cópula. Até porque, no final das contas, sexo é uma parte da vida do homem, e cada um o vê como prefere; a arte imita a vida.

O que me levou ao computador para escrever foi ter constatado essa adesão massiva ao Créu, inclusive de pessoas que antes tinham gosto musical. Obviamente, elas não deixaram de escutar suas bandas prediletas para passar a ouvir as sábias palavras - ou seria a sábia palavra - do cantor fluminense, nem procuraram defender sua música. Pelo contrário, demonstram opiniões críticas a respeito da cultura Créu. No fim das contas, para os homens, o que vale não é a batida, mas sim o que se faz dela. Disso tira-se uma conclusão bastante óbvia, que "o macho" gosta de ver "a fêmea" rebolar e sacudir todo o corpo freneticamente. Claro, nem todos os homens, alguns ainda acham desagradável essa exposição desmedida do corpo feminino. Por outro lado, algumas mulheres não vêem mal algum em dançarem - talvez não seja esse o melhor termo - e exibirem seus movimentos, numa tentativa de atrair a atenção dos "machos dominantes". Acabam inevitavelmente atraindo a atenção de todos os machos no recinto, mas o que interessa a elas é que seu objetivo é cumprido.

Por enquanto, podemos aguardar pela próxima maravilha da cultura brasileira. É possível que ela também invada os jogos de futebol, ocorra dentro de um quadrado, ou se passe por trás (pela frente) de todas as câmeras, como a Dança do Siri. Mas tomara que não tirem mais nada. O que seriam de nossos ouvidos se sumissem com mais um dos pilares da música? Em pouco tempo só sobraria a televisão, e então estaríamos perdidos. Isso porque só vai até a velocidade cinco."

A música Créu agora tem uma versão gospel - CÉU. Basta procurar por "Créu gospel" no Youtube.



Sim meu amigo, muita oração.

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